sexta-feira, 30 de junho de 2017

EU GOSTO DE MIM!

AUTO RETRATO

EU GOSTO DE MIM! ....

BIOGRAFIA

Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa, Oceania, América do Sul) 2016, classificada  em 2016  na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, Concurso Urbs,  classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 10 obras lançadas em Portugal em 2016 e 2017, Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada, Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)




Aprendi a GOSTAR DE MIM...



(Aprendi que GOSTAR DE MIM, é não fingir aos outros que gosto deles.)

Gosto de mim, quando me dou presentes, não espero ganhar dos outros.


Gosto de mim, quando estou ausente...
Das hipocrisias cotidianas.
Gosto imensamente de mim, quando não tenho regras
A serem cumpridas por imposições,
Gosto de mim, quando contemplo o Mar


Sem limites, sem horizontes,
E vago em minhas velas imaginarias sem destino.
Gosto de mim ao passar em uma florista
E escolher a flor do dia, pode ser uma Tulipa, uma Rosa...


Para debruçar-me sobre sua beleza e lhe dedicar um poema feito ao acaso.
Gosto de mim, sem modismos,
Gosto de mim, sem o inconformismo convencional,
Sou verdadeiramente intensa e irrequieta com padrões medíocres.
Gosto de mim procurando rotas de um rio
Gosto de mim ao contemplar no mar, ondas bravias a bater em pedras pujantes.
E que depois das ondas no seu bailar, continuam intactas e soberbas.
Gosto de mim, ao escolher minha música preferida
Sem dividir com medíocres seus gostos insanos.
Gosto de mim, ao sorver um Tawny sem pressa
Numa taça translucida de desejos.
Gosto de mim, ao passear em belos jardins europeus. E amo contemplar a florada das Camélias, e Tílias.


Este sim, é um verdadeiro gostar.
Gosto de mim, quando me delicio com morangos frescos,

E nem gosto de diamantes.
Gosto de mim quando vou a um verdadeiro mercado de sabores do mar, e posso escolher meu pedaço de Salmão fresco, que será somente presenteado com sal do Algarves e gotas de limão siciliano, e depois adormecido em manteiga com sal.


SOU ASSIM!
GOSTO DE MIM!
GOSTO DE MIM, SEM PRESSA, SEM PINTURAS, SEM RETOQUES, SEM FRESCURAS....
Gosto de mim, ao ir a um lançamento em Lisboa de uma obra onde sou coautora com tantos mestres e doutores, sim, fizeram doutorado e na Europa.
Gosto de mim.... Quando me debruço sobre a história ao visitar Museus e suas exposições originais, caminhando sobre as telas e dividindo com o autor a sensação de descobrir novos universos dentro das artes.


Gosto de mim, quando volto a infância e revejo na lembrança meus belos cachos de menina afro.
E gosto de mim quando na velhice posso usa-los de novo sem medo.
Gosto de mim, quando desprezo olhares insignificantes e críticos, que nada me comovem ou me tocam, ou me acrescentam.

E gosto de meus olhos da cor de mel, com pouco de fel, quando servem para observar hipócritas e medíocres.
Gosto de mim, com poucos segredos.
Gosto de mim, ao pôr do sol,
Ao amanhecer
Ao anoitecer....
Gosto de mim ao fazer um poema sem a pretensão de satisfazer algum leitor.
Gosto de mim em RETRATOS EM PRETO E BRANCO.


GOSTO DE MIM, QUANDO QUERO VIAJAR, amo viajar para bem longe...
Só lamento não ter dinheiro para ir a lugares que desejo,
Mas, já gosto de mim o suficiente quando cheguei a muito Países pelo mundo.
Gosto de mim ao sentar em um aeroporto e escutar tantas línguas diferentes.
E meu olhar sorri internamente, e digo, gosto de mim, porque estou aqui.
Gosto do barulho de um motor de avião, porque ele poderá me levar a tantos lugares que amo.
Gosto de mim ao caminhar na orla do Douro e não ver ninguém que enxergava antes.


Gosto do gosto do anônimo na minha reta.
Gosto de mim, sem medo.
Gosto de mim com meus segredos, que não compartilhei,
E não vou compartilhar,
Aprendi que o tempo, me deu discernimento, não demência.
Gosto de mim, sem pedir piedade,
Gosto de mim, quando não recebo esmolas,
Gosto de mim, quando me ergo altiva, mesmo com meio século de vivencia.
Gosto de mim, quando tiro da dor, experiência.
Gosto de mim, quando, não quero mais chorar,
Gosto de mim, quando não mais preciso implorar...
Gosto de mim, na minha presença,
Gosto de mim, na minha ausência,
Gosto de mim, sem clemencia,
Gosto de mim, quando não sou SOMBRA.
E gosto de mim, quando deixei de idolatrar medíocres e lixos.
E no auto- retrato de tantos artistas famosos que já contemplei PELO MUNDO.
Faço meu AUTO RETRATO, sem telas ou tintas...


GOSTANDO VERDADEIRAMENTE DE MIM.





quinta-feira, 29 de junho de 2017

PREMIO SARAU BRASIL 2017

NECA MACHADO NO PREMIO SARAU BRASIL 2017


FAZ PARTE DOS 250 POEMAS CLASSIFICADOS.
ESCOLHIDA ENTRE 3.706 POETAS DO BRASIL.



Orientado por edital público, o Concurso Nacional Novos Poetas, Prêmio Sarau Brasil 2017,
 recebeu no período de 05 de março a 05 de junho de 2017, o total de 3.706 inscrições de todo o Brasil.
A Vivara Editora Nacional, informa que recebeu da comissão julgadora no dia 20 de junho,
a lista protocolada dos 250 candidatos classificados no processo seletivo.

Parabéns! 
O seu poema foi classificado e fará parte do livro, 
Antologia Poética, Prêmio Sarau Brasil 2017.

É um orgulho fazer parte desta grande comunidade literária. Novos Poetas.

Seu editor,
Isaac Almeida

   
Lista dos classificados publicada em 22 de junho de 2017.


sábado, 24 de junho de 2017

How I love you - Engelbert Humperdinck (With lyrics)

PREMIO -SARAU BRASIL 2017

A POESIA DE NECA MACHADO NO PREMIO "SARAU BRASIL 2017"- TAMBEM NO DE 2016

NECA MACHADO NO PREMIO SARAU BRASIL 2017


FAZ PARTE DOS 250 POEMAS CLASSIFICADOS.
ESCOLHIDA ENTRE 3.706 POETAS DO BRASIL.



Orientado por edital público, o Concurso Nacional Novos Poetas, Prêmio Sarau Brasil 2017,
 recebeu no período de 05 de março a 05 de junho de 2017, o total de 3.706 inscrições de todo o Brasil.
A Vivara Editora Nacional, informa que recebeu da comissão julgadora no dia 20 de junho,
a lista protocolada dos 250 candidatos classificados no processo seletivo.

Parabéns! 
O seu poema foi classificado e fará parte do livro, 
Antologia Poética, Prêmio Sarau Brasil 2017.

É um orgulho fazer parte desta grande comunidade literária. Novos Poetas.

Seu editor,
Isaac Almeida

   
Lista dos classificados publicada em 22 de junho de 2017.


quarta-feira, 21 de junho de 2017

CRONICA- A LAMA E O LIXO!

·         CRONICAS URBANAS DA NECA MACHADO
A LAMA E O LIXO!



BIOGRAFIA

Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa, Oceania, América do Sul) 2016, classificada  em 2016  na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, Concurso Urbs,  classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 10 obras lançadas em Portugal em 2016 e 2017, Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada, Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)

·         A LAMA E O LIXO!

Um elo, uma simbiose singular.
Na LAMA, o LIXO se integrou, não se desintegrou, não serve para reciclagem nem para húmus, o LIXO, tornou-se podridão.
O cheiro fétido do LIXO apodrecido, impregnando narinas, traz com ele doenças maléficas que destroem, mutilam, e fazem morada na LAMA, contaminando o ar, antes puro e natural, além do lençol freático.
LAMA da fossa formada no meio da via, virou deposito de vermes e receptáculo para BACTERIAS, QUE destruirão o LIXO, inservível até para os húmus.
Pobre LAMA, pobre LIXO!
Um elo, uma simbiose!

·         Na natureza muitos LIXOS, tornam-se resíduos sólidos passiveis de reciclagem, mas, na natureza HUMANA, muitos LIXOS, alguns deles humanos, nem servem para LAMA.
Com suas PODRIDÕES, fétidas, contaminam a sociedade com suas megalomanias utópicas, e nunca sairão da verdadeira LAMA que é sua rotina,sem crescimento moral, material ou espiritual, continuarão LIXO, até o tumulo, e mesmo após sucumbirem em suas insignificâncias não servirão nem para o tal sal da Terra, nem para alimento de VERMES, que sabe distinguir a verdadeira essência de um alimento, mesmo sendo um VERME.
E será sempre um LIXO não reciclável, mesmo após sua deterioração.

LAMA E LIXO, SIMBIOSE PERFEITA!


segunda-feira, 19 de junho de 2017

UM BELO PRESENTE


GIL DAS POESIAS- PORTO- 06.2017
bom dia, e um poema!

\"A luz do amor
Quando o sol entrar pela janela,
Iluminando o escuro em que te escondes,
Vera o raio de sol a te iluminar,
Chamando-te para viver,
Para contigo poder andar,
Sem trevas nem solidão,
Só o mundo e uma estrada,
Que leva a felicidade.
Deixa -te conduzir
Deixa-te surpreender
É a vida quem grita teu nome
Te chama para bailar
Te chama para viver\" 


domingo, 18 de junho de 2017

UMA CRONICA PARA LAURA- A MENINA E A TECNOLOGIA

NECA MACHADO ESCREVE CONTOS QUE ENCANTAM

Parte - 04

“CONTOS DA AMAZÔNIA QUE ENCANTAM...”



CONTO: OS MORADORES DA PEDRA DO GUINDASTE
(A bela Pedra do Guindaste, secular no leito do Rio Amazonas, imponente, como fonte cultural da mitologia da Amazônia, tem milhares de mitos e lendas que povoam o imaginário popular)
Por: Neca Machado – Pesquisadora da cultura tucuju

·        A MULHER DA CATRAIA

BIOGRAFIA
Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa, Oceania, América do Sul) 2016, classificada  em 2016  na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, Concurso Urbs,  classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 10 obras lançadas em Portugal em 2016 e 2017, Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada, Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)


             E demonstrando sinais de cansaço, a velha Pioneira disse: vou te contar mais uma: Lembra da Mulher da Catraia?
E a cabeça do ouvinte voltou a balançar com o sinal de NÃO!
Sim! Ela era uma bela Mulher, nasceu no entorno do Igarapé das Mulheres, pegava agua no Poço do Mato, gostava das quitandas, e gostava muito de cetim, foi iludida por outra falsa amiga, que já tinha ido a Caiena e fazia a vida por lá, trazendo uns francos de vezes em quando.
Sem que a família soubesse, ela arrumou uns pedaços de pano, para que ninguém notasse sua falta, beijou os filhos que ficaram, ainda olhou muito para eles porque no pensamento disse que voltaria com muito dinheiro, era bonita, uma bela morena com seios bem duros, pernas grossas, era alta, nem queria mais olhar para trás, só pensava no futuro.
A viagem até o Oiapoque foi terrível, era época de chuva, os carros atolavam na lama, e ela até se arrependeu da aventura, mas, como já estava no meio do caminho, resolveu que não ia voltar.
Chegando no Oiapoque, sem conhecer ninguém, falou com um catraieiro que queria ir para Caiena que tinha umas colegas por lá que iam lhe ajudar.
O homem cego de ganancia pelo pouco dinheiro que ela tinha, disse, está chovendo, vamos tentar, porque agora tem pouco polícia.
E ela só pensava nos belos vestidos de cetim que ia comprar quando tivesse dinheiro, gostava dos perfumes franceses, parece que o cheiro de um deles impregnou em seu nariz, que não saiu mais, e ela sorriu.
 A chuva começou fina, a catraia balançava feito papel, as ondas a queriam engolir, e ela segurava com força seus pedaços de pano, até se aventurou a rezar.
Foi quando uma onda mais forte, virou a catraia e os levou para o fundo do mar.
Seu corpo nunca foi encontrado.
Sua família soube da catraia alagada por alguns pescadores que a trouxeram de volta com alguns pedaços de pano que boiaram nas aguas “malditas” como dizia um caboco na beira do rio.
A bela Morena que queria somente ganhar uns francos, nunca mais voltou.
Pescadores ainda se aventuram a procurar seu corpo.
Dizem que foi comido por tubarão.
Outros dizem que ela virou estrela.
Mas muitos, muitos mesmo, afirmou com convicção, sua marca registrada que ELA, mora na Pedra do Guindaste, que fica em noite de Lua cheia vestida de cetim, esperando seus clientes estrangeiros que passam por Macapá.
Cruz credo!
Quando ver uma bela Morena, cuidado, ela gosta de fazer ponto na frente do Hotel.

sábado, 10 de junho de 2017

NECA MACHADO CANTA OS PASSA A VIDA, NO VIOLÃO FINEIAS NELUTY

MITOS E LENDAS DA AMAZONIA POR NECA MACHADO

ESTORIAS DA BEIRA DO RIO AMAZONAS

CONTO: OS MORADORES DA PEDRA DO GUINDASTE


(FOTO-NECA MACHADO- possui direito autoral)

BIOGRAFIA

Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa, Oceania, América do Sul) 2016, classificada  em 2016  na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, Concurso Urbs,  classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 10 obras lançadas em Portugal em 2016 e 2017, Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada, Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)

CONTO: OS MORADORES DA PEDRA DO GUINDASTE

Imponente sobre a Pedra do Guindaste que desabrocha no leito do Rio Amazonas em frente a cidade de Macapá no estado do Amapá, a bela imagem de São José, esculpida pelo português Antônio Pereira da Costa, é a mais presente testemunha de que há um mundo invisível ao seu redor.
A Pioneira já próximo de seu centenário querendo como que abrir sua caixa de memorias, resolveu encantar seus ouvintes privilegiados com suas estórias sabiamente eternizadas por décadas em um livro escrito com pensamentos. Começou dizendo que o Santo angustiado com a cidade, não queria olha-la de frente, ficou décadas de costa para Macapá, depois de muitas estórias, segundo ela, ele foi virado e está de lado para contemplar a saudade do belo Igarapé das Mulheres, nem de frente, nem de costa, de lado, repetia ela com seu sorriso enigmático.
E continuou!
Só ele, apontava para São José, só ele; conhece os verdadeiros segredos daPedra do Guindaste.
Ele sabe que a criança jogada ao Rio pela Mãe em um momento de depressão pós-parto, e que nunca foi encontrada pelas autoridades, vaga em noite de lua, brinca de peteca ao lado da pedra, empina papagaio ao amanhecer, mas, gosta também de encantar os Botos com sua canção infantil, talvez, segundo ela um dia vire Boto de verdade. Mas, muitos pescadores já o espantaram da proa de suas canoas, ele sempre gosta de aparecer sem ser convidado, quando um pescador faz um fogo para muquiar um peixe, parece que ele vem também querer um pedaço. E continuou: A Mulher da Lua, você lembra da Mulher da Lua? E o ouvinte sacudiu a cabeça que não. A Mulher da Lua só aparece em noite de Lua cheia, surge como por encanto saída das nuvens e desagua na Pedra do Guindaste, diz ela que já encantou muito pescador, vem vestida de prata como escamas de Pirarucu, tem um batom na boca tão forte que parece a cor do urucum, encanta, repetia ela, já deixou até homens loucos que foram parar no hospital de psiquiatria, lembra? E questionou, fite a Lua em noite de Lua cheia que o rosto dela está lá, se você tiver sorte, ela vai sorrir para você, mas se tiver de azar ela vai te assustar, cuidado, é um aviso, repetiu.
E o ouvinte sacudia a cabeça que não.
E continuou:
Lembra do Homem sem pernas?
E a cabeça do ouvinte de novo balançava fazendo um sinal de não.
Me lembro, falou ela entre um suspiro profundo, que parece que, quando foi achado numa manhã de segunda feira, por carregadores de açaí, os peixes já tinham comido suas pernas, só veio o toco, disse ela, ainda tinha um pedaço de osso de fora. Cruz credo, se benzeu.
Minha comadre lembra que quando foi colocado próximo do trapiche, parece que um grito saiu de sua garganta, mas ele também vive na Pedra do Guindaste,afirmou. Só São José sabe de suas traquinagens, e ele não gosta de velas não, dizem que um dia fizeram um despacho na pedra, e de manhã ele parece que não gostou apareceu para os que ficaram, corria atrás dos que não conseguiram disparar na carreira, e deixou muito caboco de cabelo em pé, ao vê-lo correr sobre a lama de madrugada sem pernas, dando cambalhotas no ar, Cuidado, sentenciou, cuidado.
Tu lembras do Índio? E ele (ouvinte) de novo com a cabeça em sinal de não.
Dizem que ele veio do meio da floresta, e sem conhecer ninguém por aqui, resolveu fazer amizade com uns cachaceiros e depois de muita bebedeira correu para o Rio Amazonas, se afogou e morreu, mas, volta, ele volta sim: disse com convicção, dizem que gosta de dançar ao redor da Pedra do Guindaste, gosta muito de chuva, e quando tem um vendaval ele aparece no meio da tempestade.
E da Mulher da Vida? Sim, ela dava vida aos pobres que a procuravam, fazia os felizes em suas fantasias, lembro que depois de uma noite de prazer, próximo do canal onde tinha uns puteiros, lembra? E o ouvinte já cansado de tanto balançar a cabeça e talvez até com medo, repetia que não. Voltando: depois da noite de farra o cliente não quis pagar, e ela tinha uma Gilette, lembra? Com muita coragem, cortou a cara dele, mas, ele, muito brabo, deu tanto nela que ela foi encontrada morta sem roupa na beira do rio, seus olhos pareciam um buraco sem fim, seus cabelos negros, lindos lembra ela, faziam parte da maré, num vai e vem, quando seu corpo ficou à espera da polícia, dizem que ela anda por aí, gosta de rodear aPedra do Guindaste.
E dos Bois? Lembra?
E de novo sua cabeça dizia que não.
Olha vou te recordar, lá para as bandas do Elesbão tinha o matadouro, lembra?
Mataram tanto boi, que parece que alguns deles tinham vida.
Tem dias que eles voltam e ficam pastando na lama ao lado da Pedra do Guindaste, cuidado, cuidado.


(A bela Pedra do Guindaste, secular no leito do Rio Amazonas, imponente, como fonte cultural da mitologia da Amazônia, tem milhares de mitos e lendas que povoam o imaginário popular)
Por: Neca Machado – Pesquisadora da cultura tucuju