quinta-feira, 1 de junho de 2017

CONTOS DA NECA MACHADO

CONTO: E O TEMPO SE FOI.....

BIOGRAFIA



Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas por 11 Países (Europa, Oceania, América do Sul) 2016, classificada  em 2016  na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, Concurso Urbs,  classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 10 obras lançadas em Portugal em 2016 e 2017, Autora independente da Obra Mitos e Lendas da Amazônia, Estórias da Beira do Rio Amazonas, publicada em 02 edições em Portugal em 2017, edição limitada, Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)


CONTO – E O TEMPO SE FOI....

              Na palafita reformada, sentada na velha mesa de sempre, corroída por vermes ao relento, onde ratos a noite faziam a festa, nas manhas seguintes, lá estava ela a perseguir o tempo, em seu café rotineiro.
Sem saber das contaminações por bactérias a que se expunha, sorria e fazia suas festas cotidianas, com seu riso estarrecedor de hipocrisia.
Jamais se preocupou com o tempo.
Ele sim! É seu verdadeiro inimigo.
Saiu de algum lugar no meio da floresta, aportou sobre a lama e lá fez sua palafita. Tinha sonhos, queria comprar uma moto. Muitos filhos, até netos talvez, alguns homens em sua vida, talvez fosse feliz a sua maneira, talvez gostasse da traição de algum deles, talvez até traísse sem a preocupação de não ser contaminada por alguma doença sexualmente transmissível, porque ela não tinha preocupação com as doenças. Talvez tivesse até tuberculose, herpes e câncer e jamais saberia pela sua ignorância.
Mas o Tempo, este sim, é seu MAIOR INIMIGO.
Parece que não evoluiu, continuou a rastejar sobre a lama, fétida de dejetos e fétida de ratos e vermes ao seu redor.
E o tempo passou, tal qual para o Homem do Banco, que nem se apercebeu que o tempo passou.
Sentado no Banco, ele nem trabalho tinha, não conheceu nada melhor, talvez nem se aposentasse, mas talvez até sobrevivesse das migalhas governamentais de tantas bolsas ao seu redor, porque sentado décadas sobre um banco corroído pelo tempo, ele sequer se preocupou com o futuro.
E o tempo passou para ela saída das entranhas da mata, cercada por tantos sonhos inatingíveis, benzida com seres inimagináveis, assombrada por tantos fantasmas do medo e da insensatez, e da preguiça, nem conhecia novos sabores, gostava apenas do que tinha se acostumado, e o gosto do peixe era penetrante e eterno em seus pulmões, nem sabia que havia Mozart, Chopin, Litz, Bijan Mortazavi...nem sequer ousava divagar sobre Anne Lenox, nunca sequer descobriu e nem descobrirá as belezas dos velhos continentes, com suas belezas fenomenais, nem foi observar e nem irá ver a singularidade da arte de Miró...
Assim, o TEMPO foi e será seu maior inimigo.
Gostava de andar seminua, seus seios caídos já não eram viçosos como outrora, seria trocada por uma nova amante em breve.
Talvez se lesse a obra imortal de Garcia Marques se confundisse com alguma Puta, menos triste do enredo. (Obra: Memorias de minhas Putas tristes.)
E lá estava o tempo a persegui-la.
Ao seu redor ninguém se preocupava com ela,
Tinham outros interesses, e ela talvez até achasse que incomodava. Mas, não era parte do dia a dia de muitos. Era mais uma a viver sua rotina sem incomodar.
Era mais uma a ser parte de um universo anônimo.
E isso a incomodava, isso a perseguia, queria saber do destino do outro que não a queria em seu destino.
E o tempo será mesmo seu maior INIMIGO.
NÃO CRESCEU, NÃO EVOLUIU, NEM SE TRANSFORMOU.
Se verá na imagem de alguém que ficou com os restos das migalhas.
Como alguém que pensou que tinha feito o melhor negócio em sua vida, cuidando de filhos dos outros, mas ficou com os restos que sobraram.
Assim é o TEMPO, inimigo e presente!
Se souber administra-lo, vai receber louros e frutos,
Se souber valoriza-lo, ganhará produtividade
Se souber gerencia-lo de maneira coerente e sensata, será alguém melhor.
E senão souber olhar o Tempo como verdadeiro INIMIGO, será parte de uma lama onde o tempo a enterrará.