segunda-feira, 4 de abril de 2016

A POESIA DE CASTRO

                                                               “Abismo”


Estou à beira do abismo!
Falta-me um só passo,
Um pequeno gesto,
De improviso…
Um laivo de heroísmo,
Ou um lapso de juízo!
Mas não o faço…
Sou fraco, não presto.
Invade-me este cinismo;
Sinto-me cansado, lasso…
Há forças estranhas,
Anjos e demónios
Que me dilaceram as entranhas:
-Vai… é só um passo!
- Pára. Não vás!
Mas quem sois vós
Para me massacrar os neurónios?
Pronto. Não sou capaz…
Tenho medo das trevas,
Da imensidão do negro,
Agarro-me com sofreguidão às ervas,
Onde me entrelaço,
E disfarço a minha cobardia.
Eu sei que dói. É duro!
Mas como alguém dizia:
Viver, sem viver, é mais seguro!
Estou a um pequeno passo
De agarrar as ilusões
Que são só minhas.
Incertezas, até quando?
Ah! Não paro… vou!
Vou pôr fim às interrogações,
Voar como as andorinhas,
Rasgar o azul do céu… num bando!

                                 José de Castro