domingo, 1 de maio de 2016

A POESIA DE JOSÉ DE CASTRO


                        “No teu ventre, mãe…”


No teu ventre, mãe…
Aprendi a escrever a poesia
Dos sons melífluos da natureza;
Escutei das aves a melodia,
Contemplei dos jardins a inefável beleza!
Senti o tacto macio das flores,
Enfrentei o vento e a mansa maresia,
Provei uma imensidão de sabores…
Afoguei a sede na frescura das águas,
Saciei no teu sangue a minha fome.
Chorei, gemi, sofri todas as dores…
Calei dentro de mim todas as mágoas…
Gritando no deserto pelo teu nome!
De ti recebi para a vida todos os diplomas
Escritos pela mão sábia do redentor!
Arfei da montanha todos os aromas,
E da multidão senti a amizade e o ódio!
Aprendi que as lágrimas não têm cor,
Mas como diz o poeta, e bem:
“Água, quase tudo, e cloreto de sódio”.
Mostraste-me o caminho da verdade,
Que a vida não é apenas felicidade,
Antes um trilho com muito sofrimento.
Mas que tudo se vence com amor!
Que seria eu a escolher o meu destino.
Só não me disseste, mãe,
Que eu seria para ti, a todo o momento,
Eternamente menino!
                                                                                         José de Castro