quinta-feira, 26 de maio de 2016

A POESIA DE JOSÉ DE CASTRO


É sempre bom não esquecer o torrão onde nascemos!
“Memórias da Minha Aldeia”
A minha aldeia é pequenina!
Nascida ao pé dos montes
Tem água pura… hialina,
Que brota em frescas fontes.
Nasceu num verde cantinho,
Junto à ribeira do Ave,
Que lhe sussurra baixinho…
Segredos que ninguém sabe!
Minha aldeia esbranquiçada,
Pela neve que vai tombando
É uma noiva encantada,
Que ao altar está chegando!
Minha aldeia é um casario,
De casinhas toscas e velhas,
Que o sol beija com brio!
Por não ter vergonha delas.
E quando chega a noitinha
Lá do alto a vou mirar,
Seus telhados com luzinhas
São candeias a lucilar!
Tem caminhos e carreiros,
Campos verdes para o pasto
E um monte altaneiro…
Que se chama monte Crasto.
Monte Crasto altaneiro
De disforme penedia
É sentinela… guerreiro
A guardá-la noite e dia!
Monte Crasto encantado,
Por lendas de antigos mouros
Tem nas entranhas guardado:
Histórias, riquezas… tesouros!
Monte rude e singelo,
Com giesta multicolor!
Nesse teu dorso tão belo,
Aprendi a ser pastor…
Montei cavalos alados,
Em sonhos de fantasia,
Nesses penedos sagrados
Fui cowboy de pradaria…
Lembro a roda e o guiador
Os carroços na ladeira…
As tardes quentes de calor,
Os banhos nas poças d’aldeia!
Lembro o sol de Outono!
Do grão a secar na eira,
O bolo quente no forno…
E a broa gostosa na masseira!
Na memória trago o fumeiro,
A cozinha negra… defumada
O cheiro verde do loureiro,
E o aroma doce da cevada!
Recordo a roca e o fuso,
O terço rezado à fogueira…
Ladainha caída em desuso,
Murmurada à volta da lareira!
Em correria pelos ninhos,
Com a fisga aos pardais…
Belos tempos de menino…
Tempos que não voltam mais!
Oh tempo… inefável destino,
Que me roubaste a liberdade.
Desse tempo de menino…
Resta-me agora a saudade!
Aldeia de Vila Seca,
Lugarejo onde nasci…
Inda que pelo mundo me perca
Jamais me esqueço de ti!
José de Castro
Curtir
Comentar
Comentários
Neca Machado Meu querido Poeta seja bem vindo, aqui socializo um pouco de mim.