segunda-feira, 2 de maio de 2016

CONTOS DA NECA MACHADO


CONTOS DA NECA MACHADO.
> OBRAS INÉDITAS DA AMAZÔNIA
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Neca Machado UM ROSTO
Conto publicado no Jornal Diário do Amapá em, 23 de fevereiro de 2003.
O rosto que apareceu no espelho não era verdadeiro!
A moradora do bairro do Igarapé das Mulheres se espantou; tinham rugas que pareciam de verdade, o sorriso era enigmático e traiçoeiro. A luz que pairava sobre o vulto sem forma no reflexo do espelho era assustador.
A noticia correu como um campeonato de velocidade, primeiro a benzedeira foi chamada, depois cobriu com um pano o local, passou algo embebido em cachaça, fumou um cigarro barato, fez o sinal da cruz e a coisa não sumiu.
A casa foi construída na beira do Igarapé das Mulheres, seus pés permaneciam dentro das águas barrentas o ano todo; às vezes a madeira de lei ficava totalmente encoberta, outras vezes somente a metade, dizem as más línguas que foi a reza de um pescador sentimental que agourou a velha casa, comprada com trocas de muitas viagens de pescaria, alqueires de farinha, piracuí e algumas frutas que foram plantadas na parte mais alta da propriedade, que serviu de moeda para adquirir tal patrimônio.
A reza foi complementada com muita água benta deixada de presente pelo velho pároco que estimava a família.
No espelho o visitante ao olhar a imagem refletida, tinha a sensação de realmente se deparar com um ROSTO.
Se era uma imagem masculina, o padre que também foi chamado, não soube explicar. O que realmente aconteceu foi algo assustador; os antigos moradores sumiram de repente, como por encantamento de mãe do mato, a policia ainda tentou investigar o sumiço, porém, nada foi deixado como pista. Era um casal de velhos da Ilha do Marajó, não tinham filhos, viviam somente da pescaria, e um dia a noticia chegou: os pobres velhos sumiram, alguém achou que foi o Boto, outros que foram comidos por jacaré açu que rondavam o local, e nada.
O que se comentava pelos cantos, era que agora, com alguém morando na mesma casa, os antigos donos queriam voltar e assumir seu lugar.
O ROSTO no espelho ficou na lembrança de muitas pessoas, como Dona Maroca que só de lembrar ainda sente calafrios na espinha e se benze, dizendo: Cruz, credo, virgem Maria!
Neca Machado
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NO BRASIL O DIA DAS MÃES É NO 2º DOMINGO DE MAIO
E EU FIZ UM TRIBUTO A MINHA MÃE
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Neca Machado TRIBUTO A IZABEL MACHADO
*20 julho 1923 PA- Breves (Minha Mãe) + 23 julho de 1997-AP
Isa, Isa, Izabel Bela…
Vindo de longe, de uma Ilha (paraense)
Quituteira era ela.
Izabel, Isa, Isa, Isa, Bela…
A mais bela do Igarapé das Mulheres
Com olhos de mel,
Com cheiro de terra
Barro aos seus pés,
Isa do barro, para a Terra.
Na terra fértil
Fertilizou
Se fincou.
Mãos calejadas pela labuta.
Isa mais bela, mulher tornou-se.
Mulher na fibra,
Mulher na raça,
Isa, Isa, Isa, bela…
Beleza só a dela,
Mãe, Pai, tudo era ela…
Energia
Que não se sabe,
De onde vinha e de onde tirou.
Porém, na raça,
Permanecia,
Suor e sangue brotou.
MINHA MÃE!
Meu néctar, minha seiva,
Minha selva, minha mina,
Eu era sua menina.
E Boneca,
Depois só NECA,
Me chamou,
E eu a contemplava,
Com admiração e respeito,
Herdei seus olhos,
Olhar de mel,
Sem fel…
E ela foi abelha rainha,
E seu olhar era profundo.
Oh! Isa, Isa, Bela
Minha Isa, minha sina
E eu sua menina.
Sua boneca, NECA…
Sino dos Anjos,
Aos meus ouvidos
Me ensinando
Os primeiros passos,
Me protegendo
Sob seus braços…
Minha guardiã, minha heroína.
Minha protetora,
Só era ela, Isa, Isa, Isa Bela…
Isa hoje está no mármore.
Seu mármore é belo,
E a conserva
No seu pensar,
Nas atitudes,
Sigo tua sina, o teu exemplo,
De perseverança e determinação
De uma mulher mais bela.
Minha Isa, Isa, Bela…
Isa de estrelas,
Isa do Sol,
Isa sofrida,
Isa suor,
Isa esperança,
Isa paixão.
Oh Senhor!
Eu te pedi uma MÃE,
E tu me deste uma MINA,
Senhor eu te pedi uma mão,
E tu me deste uma Guia.
Senhor eu só queria um colo,
E tu Senhor das estrelas…
Me deste uma constelação.
Senhor ela era bela…
Minha Isa, Isa, Bela…
Mas do que Isa, Senhor.
Ela era bela,
Mas do que Isa, bela,
Era um coração só.
Senhor jamais pensei em lhe perder.
Porem, chorei,
Quando sofria
Em fria cama
Sem me fitar.
Porem suas lagrimas
Quando rolavam
Eu compreendia e sabia
Que tu falavas no meu penar.
E meu peito ardia e se apertava,
Oh! MINHA MAE.
Isa, Isa, Isabel Bela
Minha Isa bela.
Pássaro solto
Na plenitude
Na imensidão
Hoje estas livre
Sem solidão, sem dor.
E voas alto, e nas estrelas
És a mais bela…
MINHA MAE,
Minha Isa, Isa, Isabel bela…
Minha Mãe serena,
Minha mão guia,
Minha esperança,
E teu sorriso soa no ar.
Es tu somente a mais bela, minha Isa
Isa, Isa, Isabel bela…
Oh! Senhor
Eu só te pedi uma MAE.
E tu reuniste em uma única mulher.
Todas as virtudes do universo.
Quão gotas de orvalho num paraíso.
Senhor!
Eu só queria uma Mãe.
E tu Senhor, me destes uma MINA,
E te perguntei baixinho entre soluços:
Senhor, o que faço para ser merecedora dessa dádiva?
Senhor será que mereci essa mulher em minha vida?
Senhor te peço piedade.
Pelos meus erros,
Pelos meus pecados,
Senhor não sou merecedora
Dos teus caprichos.
Porem gritarei ao mundo
Que fui contemplada por ti,
Por ser filha dessa nobre mulher
Chamada Isa, Isa, Isa Bela…
ISABEL MACHADO
MINHA MÃE!
Poema dedicado a Isabel Machado, publicado no Jornal Diário do Amapá no dia das Mães em 13 de maio de 2001.
Neca Machado
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